quinta-feira, 16 de junho de 2011

Marcelo Carnaval: o computador ajuda, mas tirou um pouco da mágica da fotografia

Paula da Costa e Silva Martini

Marcelo Carnaval é formado em jornalismo e trabalha há 30 anos como fotógrafo. Fotojornalista de O Globo desde o início dos anos 90, vencedor do prêmio Esso em 2006 e com nomes como Veja e Jornal do Brasil no currículo, ele fala sobre fotografia com uma tranquilidade característica de quem conhece muito bem o assunto e é apaixonado pelo que faz. 

Foto finalista do Prêmio Esso 2009
Ex-aluno da Universidade Federal Fluminense, foi aprovado no vestibular para o 2° semestre e enquanto esperava o início das aulas estudou fotografia na Escola de Artes do Parque Lage. Ao contrário de muitos alunos que decidem ao longo da faculdade que área seguir, Carnaval já entrou no curso de comunicação sabendo o que queria fazer.

 - Toda minha formação eu orientei para o fotojornalismo. Fui bolsista do laboratório, monitor de fotografia... tentei fazer de tudo ligado à fotografia na faculdade.

No último período da graduação Carnaval começou como fotógrafo de fim de semana no JB. Cria da geração analógica, viveu uma redação que pouco lembra as de hoje. No lugar de computadores, químicas que transformavam o papel branco em notícias, denúncias e fotos de capa nos laboratórios fotográficos dos grandes jornais.  

Mesmo dizendo que “o computador tirou um pouco da mágica da fotografia”, Carnaval reconhece a importância do digital como um facilitador do trabalho. O fotógrafo explica que apesar das evoluções tecnológicas, o funcionamento das câmeras fotográficas quase não mudou, apenas se tornou digital. Ele acredita que a verdadeira revolução se deu no processo de compartilhamento do arquivo, que hoje já pode ser feito enviado a foto diretamente da câmera para o computador. 

Quanto à disseminação das câmeras digitais, Carnaval não acredita que o fenômeno ameace o mercado do fotojornalismo. Ele reconhece a importância dos flagrantes registrados por leitores nas colunas participativas, mas defende que o papel do fotojornalista por profissão ainda é fundamental.

- Ninguém vai se arriscar como a gente ao ponto de entrar em um tiroteio com o celular só para registrar o momento.  A qualidade das fotos dos leitores nessas colunas ainda são muito ruins também.  
                                                                                                                     

Na foto vencedora do Prêmio Esso 2006, Marcelo Carnaval retratou o sofrimento
de uma mãe que acabara de perder o filho assassinado, no Centro do Rio


Há 3 anos Carnaval está à frente do FotoGlobo, blog em que comenta fotos enviadas por leitores e dá dicas de fotografia numa média de três postagens por dia. Entre muitas com nível profissional, outras tantas pecam pela falta de qualidade. E aos fotógrafos menos criteriosos, Carnaval não poupa críticas, premiando inclusive os piores registros com o “Prêmio pede pra sair”. É justamente a essa característica que atribui o sucesso do blog.
 

- No começo as pessoas reclamavam, me chamavam de mal-educado. Mas agora já levam numa boa, um leitor consola o outro... diz pra não ficar chateado – conta, aos risos. 

A visita ao blog vale a pena para se surpreender com belas fotos de amadores, se divertir com as alfinetadas às não tão belas assim e acompanhar a programação fotográfica na cidade. Também é um excelente espaço de interação com um dos maiores nomes do fotojornalismo brasileiro, tal como o Controversas recebe quinta-feira (16), a partir das 18:30h, Marcelo Carnaval e Renata Xavier no Instituto de Artes e Comunicação Social da UFF.  

Ouça trechos da entrevista:




     

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